Julgamento de Gilberto Rodrigues dos Anjos: um dia de tensão e expectativa em Sorriso

Na manhã desta quinta-feira, o fórum de Sorriso assistiu ao início do julgamento de Gilberto Rodrigues dos Anjos, acusado pelos brutais assassinatos de Cleci Calvi Cardoso, 45 anos, e suas três filhas: Miliane, 19; Manuela, 13; e Melissa, 10. Os crimes, que chocaram a sociedade, ocorreram em novembro de 2023 e desde então, o processo tramita em segredo de justiça, com a sessão sendo conduzida por videoconferência a partir da Penitenciária Central do Estado em Cuiabá, onde Gilberto está preso desde a data dos crimes.
O clima no fórum era de contenção e seriedade. Com restrições de acesso definidas, apenas familiares e advogados puderam estar presentes. Às 8 horas, o pai e esposo das vítimas chegou visivelmente emocionado, acompanhado de seu advogado, Conrado Pavelski, que conversou com a imprensa antes do início da sessão. Ele expressou sua esperança de que o julgamento transcorresse sem intercorrências e que a verdade sobre os crimes fosse finalmente apresentada à sociedade. “As provas são muito fortes e contundentes e demonstrarão que Gilberto cometeu todos aqueles atos”, disse, reforçando a confiança em uma condenação justa.
Conrado também lamentou a decisão do réu de não comparecer ao júri. “É triste porque queríamos que ele visse o desprezo das pessoas pelo que cometeu. Não é possível que um ser humano tenha feito isso”, destacou, refletindo a indignação que permeia o caso.
O juiz Rafael Panichella, responsável pela condução do julgamento, destacou a importância desse momento para a sociedade. Ele afirmou que o processo avançou de maneira adequada e que a resposta esperada seria dada ainda naquela mesma noite, enfatizando a relevância da nova lei sobre feminicídio que surgiu a partir da tragédia, embora não aplicada retroativamente ao caso em questão.
Logo após a formação do conselho de sentença, composto por quatro homens e três mulheres, os jurados iniciaram a leitura do material relacionado ao processo, munidos de notebooks para análise. A primeira testemunha a ser ouvida foi Regivaldo Batista Cardoso, familiar das vítimas, que trouxe à tona a dor e a dor da família diante dos horrores vividos.
Gilberto Rodrigues dos Anjos, o réu, foi preso em flagrante no dia em que os corpos foram encontrados. Ele trabalhava em uma obra nas proximidades da residência das vítimas e, segundo as investigações, planejou o ataque. No trágico evento da noite de 24 de novembro, invadiu a casa e, quando confrontado por Cleci, acabou assassinando não apenas a mãe, mas também suas filhas, cometendo atrocidades indescritíveis.
Este não é o primeiro crime pelo qual Gilberto enfrenta graves punições. Em maio deste ano, foi condenado a 17 anos pela morte do jornalista Osni Mendes Araújo, e, em março, recebeu uma pena de 22 anos por crimes cometidos contra outra mulher. Seus antecedentes criminais são um reflexo da violência que o judiciário busca agora responder.
À medida que o julgamento avança, a sociedade aguarda ansiosamente por justiça, um clamor por respostas que possa, de alguma forma, trazer alívio a uma dor insuportável e evitar que tais tragédias se repitam. A expectativa é de que a sessão se conclua ainda hoje, trazendo uma resolução para este caso tão emblemático e doloroso.