País tem 300,8 mil pessoas em situação de rua, mais de 80 mil em SP

Recente levantamento realizado pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais (OBPopRua/POLOS-UFMG), revelou que 300.868 pessoas se encontram atualmente em situação de rua em todo o Brasil. Em dezembro de 2023, esse número era de 242.756 pessoas.
Segundo o estudo, um terço dessas pessoas reside no estado de São Paulo, totalizando 126.112 indivíduos. Na capital paulista, que lidera o ranking de capitais, há 80.369 pessoas nessa condição, o que representa um aumento de quase 24% em relação a dezembro do ano anterior, quando a cidade tinha 64.818 pessoas morando nas ruas.
Em entrevista, Robson César Correia de Mendonça, do Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São Paulo, confirmou o crescimento dessa população, principalmente na região central da capital. Ele atribui esse aumento à falta de políticas públicas adequadas e à truculência cada vez maior da Guarda Municipal em relação a essa população.
Segundo Mendonça, a solução requer a implementação de políticas públicas voltadas especificamente para essa população, pois enquanto não houver um compromisso efetivo por parte dos gestores, a situação continuará precária.
O levantamento, divulgado recentemente, baseia-se nos dados de junho do Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico), que serve como indicativo das populações em vulnerabilidade para a definição dos repasses do governo federal aos municípios.
No Rio de Janeiro, a segunda colocada no ranking, a população em situação de rua soma 29.816 pessoas, sendo a maioria, 21.023, na capital. Em Brasília, a capital do país, 8.353 pessoas se encontram nessa situação de vulnerabilidade.
De acordo com o coordenador do observatório, André Luiz Freitas Dias, o aumento expressivo nos registros de pessoas em situação de rua no CadÚnico se deve tanto ao fortalecimento dessa base de dados como porta de entrada para as políticas sociais, quanto à ausência ou insuficiência de políticas públicas voltadas especificamente para essa população.
O perfil dessa população indica que 69% são negras, 85% são do sexo masculino, 87% estão na faixa etária entre 18 e 59 anos e 85% sobrevivem com até R$ 109 por mês. Além disso, 14% apresentam alguma deficiência e 42% têm ensino fundamental incompleto.
A prefeitura de São Paulo, por sua vez, questionou os dados do levantamento da UFMG, afirmando utilizar como referência o Censo População em Situação de Rua, realizado pela própria prefeitura em 2021, que apontou 32 mil pessoas nessa condição. A administração municipal informou ter investido R$ 7,2 bilhões no atendimento social à população em situação de rua desde 2021, com a criação de aproximadamente 12 mil novas vagas de acolhimento na cidade.