Primeiro-ministro do Reino Unido antecipa eleições e dissolve Parlamento
O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, convocou eleições antecipadas no país nesta quarta-feira, 22, e também dissolveu o Parlamento.
Segundo Sunak, as novas eleições acontecerão em 4 de julho, antes do pleito que estava programado para janeiro de 2025. Essa antecipação significa que o Reino Unido poderá ter seu quarto primeiro-ministro em um período de 22 meses, caso Sunak não seja reeleito.
O anúncio surpreendeu até mesmo membros do Partido Conservador, partido de Sunak. Ele assumiu o cargo no final de 2022, após o curto mandato de Liz Truss, que durou apenas 49 dias devido a suas políticas econômicas polêmicas. Truss havia sido escolhida após Boris Johnson ser destituído por uma série de escândalos.
Para alguns analistas, a decisão de Sunak é um gesto ousado, uma vez que ele apresenta uma avaliação negativa superior a 70% em pesquisas recentes. A impopularidade de seu governo seria um dos principais fatores que motivaram a antecipação das eleições.
Sunak definiu o dia 4 de julho como a data para a nova votação, em um momento em que o país apresenta boas notícias econômicas, como a queda da inflação. O objetivo é convencer os eleitores a dar mais uma chance ao partido Conservador, que está no poder há 14 anos.
O Partido Trabalhista de centro-esquerda é apontado como favorito nas pesquisas para derrotar o partido de Sunak, que tem enfrentado uma série de crises, incluindo a recessão econômica pós-Brexit e escândalos de ética.
As eleições acontecerão em meio a uma crise provocada pelo aumento no custo de vida dos britânicos e por profundas divisões sobre como lidar com a imigração e os requerentes de asilo que fazem travessias arriscadas do Canal da Mancha.
Eleição
Eleitores em todo o Reino Unido irão escolher os 650 membros da Câmara dos Comuns, que terão mandatos de até cinco anos. O partido que comandar a maioria na Câmara, sozinho ou em coalizão, formará o próximo governo, e seu líder será o primeiro-ministro.
O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, ex-procurador-chefe da Inglaterra e País de Gales, é atualmente o favorito, devido às diversas derrotas que ele ajudou a infligir aos conservadores em eleições locais recentes.
Os conservadores também perderam uma série de eleições especiais para assentos no Parlamento este ano, e dois de seus legisladores mudaram recentemente para o Partido Trabalhista.
Aproveitando o sucesso de seu partido nas eleições locais, Starmer, de 61 anos, anunciou uma plataforma focada na estabilidade econômica após anos de inflação crescente, buscando conquistar eleitores descontentes.
Ele também prometeu melhorar a segurança fronteiriça, contratar mais professores e policiais, e reduzir as longas filas de espera em hospitais e clínicas em todo o país.
As eleições no Reino Unido devem ocorrer a cada cinco anos no máximo, mas o primeiro-ministro pode escolher convocar eleições antes disso. Sunak, de 44 anos, tinha até dezembro para chamar uma eleição, sendo a última em dezembro de 2019.
Muitos analistas previam que uma eleição antecipada daria aos conservadores melhores chances de manter o poder, devido a uma provável melhora das condições econômicas, o impacto dos recentes cortes de impostos, e a possível implementação da controvertida política de deportação de requerentes de asilo para Ruanda.
Embora a inflação tenha diminuído, as outras promessas de Sunak, como o crescimento econômico, redução da dívida e das filas de espera no Sistema Nacional de Saúde, além de conter a imigração ilegal, tiveram menos sucesso.
Além dos dois principais partidos, outras legendas com forte apoio regional, como o Partido Nacional Escocês, os Liberais Democratas e o Partido Democrático Unionista, poderão ser cruciais para a formação de um governo de coalizão, caso nenhum obtenha a maioria geral. Também se destaca o novo Partido Reformista, formado por antigos membros do Partido Conservador.
